domingo, 30 de agosto de 2009

NOVO BLOG

Oi! Se você chegou aqui, agora pode acompanhar meu novo blog: http://helenanomundo.blogspot.com.

Até lá.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A vida depois da Índia


Infelizmente, o blog acabou e eu morro de saudades: da Índia, dos meus amigos, de escrever aqui e até da comida... Quase nao entro aqui mais e sei que a maioria também. No entanto, vou terminar terminado com uma foto minha tirada e mandada por email ontem (18 de fevereiro de 2008) pela Barbara. A foto foi tirada na praia de Benaulim, em Goa, 6 dias antes de vir embora. E coloco aqui porque ela expressa o que a Índia me fez: feliz e de bem com a vida.
Como anda minha vida? Pois estou escrevendo a tese sobre como a globalizaçao é retratada nos dois principais jornais da Espanha (El País) e da Índia (The Times of India) e feliz na minha casa em Barcelona...

Beijos, Helena.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

OBRIGADA!







Como prometido, coloco algumas fotos da minha festa de chegada aqui em Barcelona no dia 1º de dezembro. Por enquanto, serão apenas fotos, porque ainda não estou pronta pra escrever o último post e acabar com este blog. Muitos dos meus amigos me disseram que eu não sou eu mais. A verdade é que também acho que uma parte de mim ficou em Delhi... Foi bom voltar à casa, foi bom rever os amigos. Mas uma sensação estranha me acompanha até hoje.

Quero escrever uma “despedida” propriamente dita ou uma conclusão, mas não hoje. Por enquanto, deixo as palavras do Drummond: “Aos leitores, gratidão, esta palavra-tudo”.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

78 DIAS NA ÍNDIA

É difícil traduzir em palavras minha temporada aqui na Índia. Do sufoco e do sofrimento dos primeiros dias a esta sensação gostosa de missão cumprida e felicidade, muita coisa aconteceu. Na minha vida profissional, muitas portas se abriram e aprendi muito. Na minha vida pessoal, muitas janelas se fecharam para sempre (num oportuno acerto de contas com o passado guardado) e aprendi mais ainda.

Todos os objetivos dessa viagem foram alcançados, mas a “vitória” não é só minha. Sem este blog, os recados e emails carinhosos e engraçados, as ligações de amigos e família na hora certa, tudo teria sido incrivelmente mais difícil. Se fosse agradecer a todo mundo, este post seria interminável, então vou citar apenas uma pessoa que me ajudou e apoiou desde o início, quando tudo não passava de idéias. Minha sorte na vida já é conhecida e esta pessoa é o cara com quem me casei. Alguns me “acusaram” de não citá-lo aqui no blog, mas não é verdade. Então, para deixar claro, MUITO OBRIGADA, Rodrigo, nada disso teria sido possível sem você. Sei que você passou por cima das suas próprias vontades pra me fazer feliz e por acreditar no meu sonho. Sei que este tempo foi interminável para você e te digo que você foi forte e corajoso e, mesmo tão longe, esteve comigo o tempo todo. Portanto, obrigada de coração por não poupar esforços para me ver sorrindo.

Voltando à Índia, a escolha não poderia ter sido mais acertada. Este país vai ser sempre um lugar onde vivi coisas incríveis, onde aprendi a ser mais generosa, a conviver melhor com meus defeitos e onde entendi que “el mundo es uma mierda, pero la vida es de puta madre!”, como bem definiu o Andreu Buenafuente.

Vou embora feliz e tranqüila e vou sempre querer voltar aqui para lembrar o bem que me fizeram meus 30 anos (que eu temia tanto!). Gostaria muito de trazer meus pais e irmãos aqui e tentar fazer com que eles entendessem o “Planeta Índia”, indecifrável à primeira vista. Muita gente me disse que tem vontade de conhecer a Índia depois de acompanhar o blog e meu conselho (sou contra conselhos!) é, simplesmente, venham!

Conheci algumas pessoas que vieram para cá atrás de espiritualidade ou alguma resposta para momentos difíceis e não encontraram mais que sujeira e pobreza. E também encontrei viajantes que vieram em busca de nada em específico ou de aventura apenas e encontraram a si mesmos. O bacana da Índia é este, cada um descobre e vive o país à sua maneira.

No meu caso, descobri o Islã (que me emociona às vezes), descobri também a amabilidade dos indianos e a minha própria, redescobri a importância de ter raízes. Como a Índia, sou um poço de contrastes: sou contra religiões, mas tenho mais fé no MEU Deus que nunca; sou cidadã do mundo, mas mais sãojoanense que nunca; estive sozinha e fui muito amada à distância.

Meus poucos amigos aqui também tiveram um papel fundamental. Sem os jantares e cervejas no Pebble Street com o Patrick, sem os debates sobre política, religião, Ocidente x Oriente com o Monis, sem a ajuda do Obaid e sem as conversas com a Barbara, Delhi não teria sido a mesma. Tão feia e suja no início, tão admirada no final. Pois é, tudo muda.

Volto para casa feliz, completa e centrada no meu objetivo maior (e tão simples): ser feliz. Volto para casa também com uns quilinhos a menos, com a capacidade auditiva afetada, com umas rugas a mais e a 24 dias de tornar-me balzaquiana. Além disso, muitas histórias para contar.

Este é o penúltimo post na curta vida deste blog, que terminará com as fotos e os “causos” da minha festa de recepção em Barcelona, com meus bons amigos de sempre.

PS: Tenho uma mãe ciumenta. Então, não por obrigação, mas de coração, tenho que agradecê-la. Ela também me apoiou desde o início e se preocupou como sempre, como toda mãe, como boa amiga.

Um grande beijo a todos, Helena.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Coincidências

Cada vez eu acredito menos em coincidências, mas é incrível como coisas inusitadas acontecem na vida da gente. Ontem reencontrei, depois de 10 anos, uma conhecida de Juiz de Fora que estudou comigo na universidade. Através de um amigo comum (que ela tinha perdido contato), Érica soube que eu estava na Índia e entrou no blog. Ela me escreveu contando que vinha passar 15 dias trabalhando em Bombay e Delhi e dei meu telefone. Ontem ela me ligou e nos encontramos em Connaught Place. Só pela voz dela no telefone, eu soube exatamente quem era (dez anos sem notícia!!!) e ela não mudou nada.


Érica estava aqui com duas companheiras de trabalho francesas (ela mora em Paris há 10 anos) e passamos pouco tempo juntas, porque elas estavam cansadas e eu tinha que voltar pra casa sozinha, coisa impraticável depois das 22h para uma mulher. Mas foi legal revê-la, lembrei os tempos da universidade, dos meus 18 anos, das festas na faculdade de Comunicação... Vim para casa rindo e pensando que, graças a Deus, o tempo passa e a gente cresce, muda, nada melhor ou pior, só diferente.


Fora isso o dia foi bem legal. Terminei um trabalho que estava pendente, consegui achar um livro que buscava há tempos sobre as estatísticas dos jornais indianos e fui ao cinema para relaxar um pouco. Vi Elizabeth, mas não me entusiasmou muito. Minha preocupação agora é como vou levar todas as coisas que tenho para Barcelona, sendo que a companhia aérea permite apenas 20 quilos. Tenho muito mais que isso, só o peso dos livros é um absurdo... Mas eu vou dar um jeito.


Hoje vou sair com uma professora da faculdade para tirar umas fotos e de noite devo jantar com uns amigos. Não quero escrever muito porque ando meio sensível e choro à toa, quero que sábado chegue logo, mas também quero aproveitar cada minuto aqui. Também não quero filosofar ou escrever sobre o fim da viagem. Prefiro deixar algumas fotos que eu gosto.


PS: Baby, é verdade que é você quem vai fazer o papá pra mim???? Oba!!!! Precisamos conversar, muiiita saudade.











segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Tanta coisa aconteceu...

Este pobre blog anda meio abandonado, eu sei, mas a vida aqui anda muito agitada e eu, super feliz por voltar a casa, mas triste por deixar esse país alucinado. Já sinto saudade e, para piorar, conheci um montão de gente bacana nas últimas semanas – o que só aumentará a minha saudade. Além disso, as novidades destes últimos dias foram o primeiro e divertido jantar que tive com Obaid Siddiqui, meu tutor aqui, e um terremoto. Isso mesmo, a terra tremeu em Delhi!

Claro que não foi nada espetacular ou devastador, mas eu fiquei com medo mesmo assim.
Aconteceu na madrugada de domingo para segunda, por volta das 4h. Estava dormindo e, de repente, acordo com a cama, as portas e os móveis tremendo e um barulho alto. Poderia comparar com quando passa um trem subterrâneo e os que estão em cima sentem (mas foi muito mais forte que isso). Fiquei com medo porque não sabia se era o primeiro tremor de uma série e também porque não confio nas construções capengas da Índia. Pelo visto, isso não é coisa normal aqui, porque meus 3 amigos me ligaram imediatamente para saber se estava tudo bem.

Sim, está tudo bem, muito bem. Tive um fim-de-semana tranqüilo e gostoso, estou feliz por ter vindo e estou feliz por voltar. Esta loira da foto é a Barbara, uma psicóloga tcheca que conheci e ficamos amigas nas últimas semanas. Ela está viajando pela Índia e Nepal estudando meditação e yoga e editando um livro de um guru que vive nas montanhas do Nepal. Coisa de louco! Nossas conversas são intermináveis e ela acha que somos velhas conhecidas de outras vidas. Não sei nada disso, só sei que é mais uma para a minha lista de coisas e pessoas das quais sentirei falta.

Foto feia e mal feita, mas a unica que tenho

Voltando ao jantar com Obaid, foi a primeira vez que nos encontramos fora da universidade desde minha primeira semana aqui. E os dois reconhecemos que foi uma pena ter esperado tanto tempo para sair e conversar. Contei para ele minha experiência aqui, meus avanços na tese, meu “descobrimento” do mundo islâmico (ele é muçulmano), dos poucos e ótimos amigos que fiz, da minha viagem com o Rodrigo. E ele me contou do trabalho dele na BBC e dos 10 anos em Londres (com lágrimas nos olhos algumas vezes), da mulher que é Sikk (a religião dos que usam o turbante, para simplificar as coisas) e da filha que estuda em uma escola católica! Volto para casa deixando todas as portas abertas aqui e com um amigo a mais. Confesso que no início a cara brava dele me assustou; ele quase nunca sorri e os alunos na faculdade têm mais medo dele que do diabo.

Fora isso, ontem (segunda), sofri à distância com o primeiro exame de homologação do diploma do Rodrigo em Barcelona. Das 8 matérias que ele tem que apresentar, o objetivo dele era aprovar pelo menos uma – e ele conseguiu (talvez mais que isso, vamos saber hoje)! Então, todo o sofrimento valeu a pena.

Hoje ainda tenho muito trabalho, mas espero estar livre para aproveitar um pouco Delhi na quinta e na sexta. Amanhã devo sair com meus amigos, que querem se despedir de mim. É engraçado isso. Eles preparando a despedida aqui e Rodrigo e as meninas preparando minha festa de chegada lá. É sempre bom se sentir querida...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

“Paan”: toda uma instituição na Índia






Desde que cheguei, tem uma coisa aqui que me chamou a atenção desde o início. É o “paan”, essa mescla de espécies amargas e doces e envoltas numa folha comestível que os indianos sempre comem depois das refeições. É digestivo e também usado como refrescante bucal (o chiclete deles, para fazer uma comparação grotesca). As barraquinhas que vendem paan estão em qualquer esquina. Dizem que uma das substâncias (o betel) é ligeiramente narcótica e alguns “viciados” comem paan da mesma maneira como os fumantes não deixam o cigarro. O consumo por muitos anos deixa os dentes podres e, quando li isso, entendi porque muitos indianos têm os dentes negros, negros.

Em muitas barraquinhas, o paan é feito “em série”, ou seja, é só chegar, pagar e comer. Mas há lojas que vendem as espécies (as mais famosas são as de Benarés, onde tirei essas fotos) e o vendedor, pacientemente, me explicou e me ofereceu para provar cada uma delas. No final, ele fez um paan super especial para mim e foi difícil comer, porque você tem que colocar o “pacotinho” inteiro na boca, ficar mastigando durante séculos e estava muito grande e picante. Eles engolem tudo, porque o que dá nome ao refrescante é exatamente a folha de paan. Mas eu não consigo engolir não, mastigo, mastigo e depois jogo fora.

Em todos os restaurante, dos mais pé de chinelo aos mais elegantes, todas as refeições terminam com o paan, que eles colocam na mesa sem a folha e cada um se serve com a colher. O paan também é vendido em porções únicas, em saches e ficam pendurados como se fossem balas em todos os lugares do país. E, como balas também, há de várias marcas, cores e sabores. No entanto, há dois tipos básicos: o mitha (doce) e o saadha (com tabaco).

Ontem peguei pesado falando das mulheres e recebi alguns emails “tristes”. Então resolvi escrever sobre o paan, uma coisa indiana que eu gosto, que vou sentir falta e, exatamente nesta lojinha da foto, me diverti muito comprando paan com o simpático vendedor e sua filha.