quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Dois dias em Calcutá


Rua inundada no primeiro dia


Barbeiro ao ar livre

Victoria Memorial

Amor em Calcutá

Templo Kalighat

Eu e o "pastor"


Chegamos em Calcutá em um mau dia: chovia sem parar e, por motivos políticos, havia uma greve geral das 6h às 18h. Foram 12 horas sem quase nenhum carro nas ruas, comércio e restaurantes fechados, lugares vazios. Encontrar um táxi foi tarefa difícil, porque todos negavam a corrida por medo de serem apedrejados por “furar” a greve.

Mudamos de hotel, porque o que reservei por Internet era impraticável e passamos a tarde descansando. Dormimos apenas 2 horas na noite anterior e até que a chuva chegou em boa hora! Saímos de noite para jantar num lugar maneiro recomendado pelo guia “Lonely Planet”, minha bíblia aqui. O maitre tinha o mesmo sobrenome do Rodrigo (Castillo, sabe-se lá porquê) e ficou doido com a gente.

Agora vamos ao passeio pela cidade e minhas impressões. Ontem (quarta) não deu pra ver ou sentir nada porque a cidade estava “morta” em função da greve. Tudo era muito tranqüilo e silencioso, nem parecia a Índia. Mas hoje, de volta à normalidade, eram carros e multidões em todos os lados – e buzinas. O trânsito, no entanto, parece ser mais tranqüilo que em Delhi e por aqui não há Otos, só táxis. Também não há bicicletas (ciclorickshaw), mas homens puxando uma carrocinha onde os passageiros se sentam. Não me sentiria bem num veículo de “tração humana”, mas qualquer ofício é digno, ainda mais em um país onde abunda mão-de-obra e falta oferta de trabalho.

Calcutá é conhecida como a capital intelectual da Índia, com uma forte herança britânica, tanto nos costumes quanto na arquitetura. Dizem aqui que nenhuma outra cidade indiana usufruiu mais das virtudes dos ingleses, mas que nenhuma outra pagou preço tão alto com a independência da colônia, quando dezenas de milhares de indianos morreram de fome e miséria. A maior revolta dos habitantes da orgulhosa capital de Bengala Ocidental é a maneira como ficou conhecida no Ocidente: como uma cidade miserável e decadente. Mais moderna e cosmopolita que Delhi, Calcutá também é famosa pela culinária bengali e até tem uma zona da cidade (Park Street) que é comparada ao SoHo, em Nova York.

Conhecemos os lugares turísticos mais importantes da cidade, como o Victoria Memorial, a construção mais impressionante do Raj britânico em todo o país. Parece uma mistura da Catedral de St. Paul (que fica ao lado) e o Taj Mahal (já que também é todo de mármore branco). Almoçamos num restaurante - Ivory - de um dos chefs mais famosos daqui (Sanjeer Kapoor), comemos de putísima madre (como dizem os espanhóis!) e pagamos menos que por um restaurante de menú em Barcelona.

De tarde tive minha primeira experiência em um templo hinduísta. Visitamos o Templo Kalighat, que fica num beco muito do sujo e cuja estrutura atual data de 1809. Atrás do templo, fica uma espantoso “cercadinho” onde são realizados rituais de decapitação de cabras (considerada a representação viva do mal) em honra da deusa Kali, a esposa do deus Siva. Esses rituais acontecem de 6h às 12h e, graças a Deus, chegamos às 16h e vimos apenas cocos sendo quebrados pelos que não compartem o gosto de sacrificar animais (mas o ritual possui o mesmo significado: espantar o mal).

Um guia ou pastor, não sei, me explicou os princípios básicos da religião - criação, distração (no sentido de espantar as coisas negativas) e preservação -, nos abençoou (não sei se este seria o verbo apropriado para o hinduísmo), pintou nossa testa com esse ponto laranja que significa “pela graça de deus” e me fez amarrar uma pedra numa árvore sagrada e fazer um pedido. Fiz tudo isso e depois ele me pediu dinheiro para doações; como não tinha cash (rúpias), ele me disse que aceitavam dólar ou euro também. Dei o dinheiro, mas não me senti confortável. Esta é, aliás, uma das grandes críticas em relação ao hinduísmo: tudo gira em torno do dinheiro. Mas valeu como experiência e conhecimento. Cada vez mais vejo que meu terreno é uma fé inabalável, mas não religiões.

Em função do terrorismo islâmico, segundo me disse o “pastor”, não se pode tomar fotos do templo, nem ao redor. O que é uma pena, porque as cores e as formas são muito bonitas e alegres. Cada dia, 25 mil pessoas vão rezar nesse templo. Outra curiosidade é que o nome do templo deu origem ao nome da cidade: Kalighat (lugar de Kali) tornou-se Calcutá (ou Kolkata). Consegui apenas duas fotos: da cúpula do templo e do pastor (Rodrigo alucinava com os dentes do velhinho!).

Apesar de algumas zonas de pobreza extrema, Calcutá é uma cidade bonita e com muito verde, mas a umidade é tamanha que a gente fica inchada e com a sensação de cansaço o dia inteiro. 48 horas é muito pouco para avaliar uma cidade, mas não trocaria minha feia e caótica Delhi por aqui não!

A partir de amanhã (sexta) e até domingo, estaremos em Sunderban Tiger Camp, a reserva de tigres de Bengala que é Patrimônio da Humanidade (quem quiser dar uma olhada, o site é www.sunderbantigercamp.com). O que eu vou fazer lá no meio da vida selvagem ainda não sei, mas decidi provar essa aventura. É no meio do nada e duvido que haja Internet. Andei lendo umas coisas que não me animaram muito para essa viagem não, mas não vou contar aqui porque vocês vão ficar preocupados! hehehe Prometo fotos minhas num safári e não com um livro na mão deitada na cabana!

Beijos e bom fim-de-semana.

3 comentários:

Anônimo disse...

neguinha, como sempre estou atrasada no seu blog, mas quero deixar claro que desde que o rodri chegou ai to tentando falar com vcs pelo seu cel, mas ninguem atende....olha espero q vcs estejam bem, e vou continuar tentando falar com vcs... bjus, cheio de saudades!!!!!

Anônimo disse...

hola mis hijos, veo que han descubierto mundos nuevos, lo mas bello es que están juntos.
Dios los Bendiga
Flory

Anônimo disse...

Ainda bem, que falei com vc agora a pouco, se nao teria ficado preocupada com o que vc leu e nao gostou...rsrs!

Nao é que cabe mesmo um monte de gente no Oto...fascinante!

É tao bom ler seus post...nossa e o Rodri degustando...a cara dele! Amei as fotos :)

Beijo GrAnde pros dois!!