domingo, 7 de outubro de 2007

“Andei pra chegar mais longe e de lá de longe viver feliz"*

Este último fim-de-semana foi atípico: não usei Internet, não tirei fotos, não comprei nada, não fui ao cinema, não saí para jantar, não tomei cerveja e foi simplesmente o melhor de todos aqui. Não pelas coisas que fiz ou deixei de fazer, mas pela calma e paz com que os dias passaram.

No sábado estava muito cansada depois de duas noites de insônia. Finalmente apaguei o celular e dormi 10 horas seguidas! Durante o dia tinha ido ao “centro” para comprar as passagens para Calcutá, onde começa minha “aventura” com o Rodrigo em Bengala Ocidental em 31 de outubro. Como sempre, todas as dificuldades para se mover dentro da cidade sozinha. Na volta passei no mercado e não saí mais de casa. Li e estudei o sábado inteiro.

Já o domingo foi emocionante. De manhã dei aula de espanhol pra um indiano que já teve aulas com um professor basco. Uma brasileira ensinando castellano na Índia!!!! Mas foi bacana, principalmente pelo interesse do garoto. De tarde fui convidada para “quebrar o jejum” (break the fast) e jantar na casa de uns muçulmanos.

Na verdade, ele (Monis) é meu único amigo “local” e, junto com a namorada, me ajuda pra caramba aqui. Achei legal ter sido convidada para a “cerimônia”, mesmo não tendo idéia do que falar ou como agir. Depois de 14 horas sem comida ou bebida, eles quebram o jejum com frutas, grão de bico com tomate e pimenta e uns bolinhos fritos salgados de trigo e cordeiro que eu não sei o nome. Mas amanhã eu conto direito, porque eles vão me dar os nomes das comidas por escrito. Isso foi às 6h15 em ponto.

As famílias aqui são mais parecidas às do Brasil que às européias. Família não significa apenas o núcleo “pai-mãe-filhos”, mas tios, avós, primos, cachorro... E todos tomam decisões juntos e todos conversam sobre a vida de todos... Algo bem parecido às famílias mineiras pelo menos.

Depois desse “aperitivo” (eu já não agüentava mais comer e eles me serviam cada vez mais comida), eles foram rezar e eu recebi uma ligação hilária da minha mãe! Ela simplesmente achava que eu estava jejuando e me convertendo ao islamismo!!!! Não, nada disso. Só estou conhecendo uma nova religião que é completamente deturpada no Ocidente.

Ontem conversamos sobre preconceito contra os muçulmanos na Europa e nos EUA, sobre os princípios do Islamismo, sobre o porquê do Ramadan, sobre como se vestir, etc e, como sempre, aprendi coisas que eu ignorava completamente. Aqui cada dia me mostra como a gente do “lado de lá” simplesmente ignora, intencionalmente, o “lado de cá”, que é visto apenas como o “exótico”, o “outro”.

Conversei com a minha mãe, fiz ela rir e desligar o telefone despreocupada: continuo uma católica fajuta! O jantar foi servido super tarde, 23h e eu comi paneer (uma espécie de queijo que não é queijo feito da fermentação do leite. É saudável e bastante popular entre os vegetarianos daqui), frango com pimentão, chapati (o pão deles, uma espécie de pita) e arroz. A mãe do Monis, muito atenciosa, cozinhou sem pimenta especialmente pra mim (mesmo assim, pra mim estava picante!).

Foi diferente de tudo que eu tinha passado aqui. A comida era verdadeiramente gostosa (não falo mais que não gosto de comida indiana) e eles me receberam de uma maneira muito dócil... Claro que houve momentos de “tensão” para mim. O pior foi o como comer. Eles estavam comendo com a mão, misturando o arroz com o caldo do frango e mandando ver! E eu não consigo, simplesmente herdei do meu pai essa “frescura” de não sujar as mãos com comida, principalmente com óleo. Pedi um garfo, eles riram de mim e tudo se resolveu.

Pela primeira curti uma comida aqui. E voltei pra casa com a barriga e o coração cheios! :)

PEDIDO PÚBLICO: PEDRO, MEU IRMÃO, ONDE ESTÁ VOCÊ QUE NÃO ME RESPONDE NUNCA????

* Trecho de “Anna e eu”, do Lenine

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi lindona o tempo passa e eu continuo com saudades!! Fiquei com inveja do papazinho que vc descreveu hummm. Bem por aqui a coisas estao parada a cozinha todavia nao esta funcionando 100%e estou cansada de tanta espectativa vc sabe como sou nerviosa. Estou sentindo que algo vai mudar nao sei o que é só sei que uma grande mudança vai acontecer em minha vida e nao estou falando só de trab. Todavia nao sei o que é mas parece que é muito bom. To louca pra que vc venha logo pra me contar tudinho sobre o que aprendeu sobre mulçumanos por que tb é uma coisa vc ler ouvir e interpretar de uma interpretaçao, vc nao foi la nao viu nao viveu e saca uma teoria atraves do que outros viveram e depois relataram, e claro cada um conta do seu modo. Mas vc esta vivendo na pele, eu vou pegar carona na sua viajem que vai estar quente pro meu delite. Socia nao vai ser facil viver longe de vc!!To passando perengue.Bjs

Anônimo disse...

Amor algo del Ramadán
El ayuno es la abstinencia total de todo aquello que rompe el ayuno (Bien sea comida o bebida o relaciones sexuales) desde el alba hasta la puesta del sol.
El ayuno del mes de Ramadán es obligatorio a todo musulmán adulto y con juicio, bien sea hombre o mujer.
¿CUANDO EMPIEZA?
El mes de Ramadán es el noveno mes lunar y empieza el ayuno con la aparición de la luna a finales de Sha'ban (octavo mes en el calendario lunar islámico).
Dice el Profeta (PB): "Ayunad a su visión (ver la luna) y romped a su visión y si se os es oculta (la luna por causa atmosférica) concluid el mes de Ramadán contando treinta días. Igualmente al comienzo del mes de Ramadáá se contarán treinta días de Sha'bán sino es visible el nacimiento de la luna.
LOS PILARES DEL AYUNO: Los pilares del ayuno en el Islam, bien sea en el mes de Ramadán, o en otros meses, son los siguientes: 1) La abstinencia de todo aquello que rompa el ayuno [Bien sea bebida, comida o relaciones carnales) desde el alba hasta la puesta del sol. 2) Tener presente la intención Se debe tenerla presente en la mente y en el corazón, sin necesidad de decir nada con la lengua [de pronunciar algo concreto (es decir la intención)], tiene que ser antes del fayr (inicio del tiempo de la primera oración del día), y puede ser dicha diariamente, o por todo el mes desde su inicio.
¿QUIEN DEBE AYUNAR: El ayuno es deber del musulmán adulto, sano de juicio, saludable, residente (no de viaje) bien sea hombre o mujer. En cuanto a la mujer, debe estar fuera de la menstruación, y del puerperio. Por lo tanto, no debe ayunar el enfermo mental, ni el menor, ni el viajante, ni a la mujer durante la menstruación o puerperio, así como a la embarazada, o la lactante que teme por su pequeño, ni los ancianos débiles

Anônimo disse...

Oi Helena, Adriana me deu seu blog e adorei. Sou prima de seu avó, Julita e é a 1ª vez que entro num blog. Beijos Nazareth