terça-feira, 23 de outubro de 2007

Viagem a Benarés – I (19 a 22 de outubro)


Barraquinha de comida na estação de trem

Estação de trem de Nova Delhi
Trem enfeitado para o Festival de Siva (exterior)

Trem enfeitado para o Festival de Siva (interior)

Templo hindu no interior do trem


Interior do trem, compartimento onde ficam as "camas"


A viagem começou na movimentada e confusa estação de trem de Nova Delhi. A tal da “primeira classe” era bem diferente do que eu pensava. Não há cabines fechadas, são simplesmente compartimentos (não me vem outro nome à cabeça) com oito “camas” cada: 3 de um lado, 3 do outro e 2 na frente do corredor. Minha “cama” era a do meio e isso, para uma claustrofóbica como eu, não ajudou muito. Além disso, minha “maldição” com aviões funciona também em trens: no meu lado tinha um casal com um bebê de 45 dias apenas que chorou, ininterruptamente, de 22h às 2h! Não fiquei muito irritada porque pensei que o mesmo pode acontecer com o Mateus. Agora sou tia!

A viagem foi melhor do que eu esperava e o iPod é um grande companheiro! Chegando de manhã em Benarés, depois de 12 horas no trem, senti logo um clima diferente, meio provinciano e ainda mais caótico, fora que há animais por todas partes, das vacas sagradas a búfalos e macacos.

Encontrei um hotel, tomei banho, descansei um pouco e fui pra beira do Rio Ganges, onde, desculpem o plágio ridículo, eu sentei e chorei. É difícil explicar o que senti, mesmo em fotos e mesmo estando o rio poluído, imundo e sem oxigênio. A “Grande Mãe” dos hindus impressiona pela calma, pelo tamanho e pela maneira como é adorada.


Templo na Universidade de Benarés

Ghat na beira do Ganges


Andei por todos os “Ghats” tirando fotos (finalmente virei turista!), puxando papo, observando e sentindo cada detalhe. É o rio da vida e da morte dos indianos hinduístas. O Ghat mais impressionante (Harishchandra Ghat) é onde acontecem as cerimônias de cremação. Fiquei um tempão vendo todo o ritual: o corpo envolvido num pano ou plástico laranja ou dourado chegando carregado pelos familiares; a espera dos corpos na “fila”; a quantidade de madeira usada (isso é o que define o preço da cremação. Em geral, custa cerca de 3.000 rúpias = 55 euros); o responsável pela cerimônia; a ausência de mulheres locais; a abundância de turistas curiosos... É tudo impressionante e faz a gente pensar na vida toda, como qualquer outro contato com a morte. Fotos são proibidas e os turistas que se atrevem são rispidamente repreendidos pela falta de respeito. No final, os ossos são jogados no rio, assim como as cinzas.


Harishchandra Ghat (onde os corpos sao incinerados)

Benarés (também conhecida como Varanasi) é uma cidade muito mística onde prevalecem os hinduístas. Há redutos de muçulmanos e os conflitos são freqüentes; é conhecida por ser uma cidade “sensivelmente religiosa”. Especialmente neste fim-de-semana, a cidade está lotada de polícias nas ruas porque domingo é o Festival de Siva que os hindus comemoram ostensivamente. Há procissões, oferendas no rio, desfiles de imagens, dança, etc. Qualquer prevenção é pouco quando se trata da fé na Índia.

Como uma autêntica cidade hinduísta, foi difícil encontrar um lugar de comida não-vegetariana. Pobre das vaquinhas e das galinhas, mas eu gosto mesmo é de carne! Almocei uns bolinhos de arroz com sopa de coco num restaurante vegetariano. Mas à noite comi no bar do hotel sopa de frango e arroz com frango. Pensei: que sorte estar em um hotel não-vegetariano aqui. E logo entendi o porquê: estou hospedada no bairro muçulmano de Benarés!

2 comentários:

Renata Almeida disse...

Oi Helena!
Estava "desejando" esse post...Que delicia "viver" isso com você. Apesar de que ao vivo tudo deve ter uma imensidade infinitamente maior.
Um beijo enorme e aproveita (mais se for possível) cada coisa!

Marisa disse...

Hola, unos cuantos dias te he tenido olvidada y veo que ya recorres esta maravilla de pais.
Gracias por tu foto, un poquito mas delgada te veo, pero despues de vacaciones, es normal. Ya te quedan menos dias para tener compañia, paciencia, todo llega.
Un besazo de toda mi family.