sábado, 29 de setembro de 2007

A Delhi que eu não conheço

Ontem (sexta), uma das manchetes do The Times of India era “Delhi é a melhor cidade para se viver, segundo pesquisa”. Claro que o âmbito da pesquisa era a Índia, mas mesmo assim! Segundo o jornal, Delhi tem a melhor infra-estrutura urbana, a melhor rede de transporte, os melhores hospitais, etc. Graças a Deus eu não precisei de nenhum hospital aqui e eles realmente podem ser bons. Mas peraí! A rede de transporte público aqui é uma porcaria. Os ônibus, caindo aos pedaços, vão abarrotados, com homens pendurados nas portas. Além disso, não existe ponto de ônibus aqui não, as pessoas sobem com o veículo em movimento mesmo!

Ainda não tive a oportunidade de andar de metrô, já ouvi falar que é moderno e confortável, mas está restrito a uma parte muito pequena da cidade, insignificante mesmo. O resto são os Otos, as bicicletas e os taxistas, que são mundialmente conhecidos por passarem a perna nos turistas...

Sobre melhor infra-estrutura, eu também tenho minhas críticas: aqui falta luz todos os dias, a coleta de lixo é inexistente em muitos bairros, limpeza é assunto proibido, o abastecimento de água é irregular... Delhi foi eleita a melhor para se viver e deixou para trás 48 cidades indianas, entre elas Bombaim e Calcutá, consideradas metrópoles cosmopolitas. Bombaim é a segunda melhor, e é lá onde se concentram as atividades industriais e comerciais mais importantes do país (onde a Tecnologia da Informação joga um papel crucial), fora Bollywood, que é impressionantemente importante no contexto nacional. Já Calcutá é mais conhecida por seus programas culturais e pelas desigualdades sociais que marcaram uma época. Antes sinônimo de pobreza absoluta, atualmente Calcutá tem áreas super modernas e avançadas.

Sei não... mas eu ainda não conheço essa Delhi e olha que optei por não falar da segurança, porque tem coisas que não entram na minha cabeça e me irritam. Minha opinião não é imparcial, eu sei, não conheço nenhuma outra cidade da Índia. Mas em novembro, depois de conhecer Bombaim, Calcutá, Darjeeling e Goa, vou voltar a falar nisso.

Pode ser que o restante do país seja muito mais caótico e que eu esteja olhando com olhos ocidentais apenas e, por isso, não vejo essa Delhi-boa-pra-se-viver. Mas eu tenho olhos brasileiros, não europeus, e ainda assim acho isso aqui uma zona de pai e mãe!!!

Mudando de assunto, ontem fui fazer compra com o Harum e aí está a minha foto com a figura. A coisa que eu mais gosto de comprar aqui é o abacaxi, que fica lindo como uma flor! E os caras na rua cortam super rápido. Eles não fazem isso por estética, claro, mas para tirar aqueles olhinhos negros que vêm na casca... Sei lá, frescura minha, preciso ver mais coisas bonitas!!!


3 horas depois

Depois de tanta coisa negativa, quero dividir uma coisa com vocês. Estou lendo um livro que se chama “The Indian Media. Illusion, delusion and reality”, que é uma coleção de artigos de consagrados jornalistas indianos da atualidade sobre temas variados. Um dos jornalistas, Raj Chengappa, editor da revista semanal India Today, escreveu um artigo cujo título é “Who gives a damn?” e fala sobre as reportagens mais significativas durante seus 28 anos de jornalismo. Aqui vou transcrever um trecho que traduzi livremente para o Português:

“No India Today, viajei de trem de Delhi a Agra para fazer uma reportagem sobre o boom do turismo doméstico em meados dos anos 80. Percebi que um casal de cegos com duas crianças que enxergavam perfeitamente estava sentado na minha frente. No Taj Mahal, fiquei emocionado ao vê-los andando dentro do palácio tocando as paredes para descobrir sua beleza. Na viagem de volta, estávamos outra vez no mesmo vagão e, quando chegamos ao destino, ofereci uma carona no meu táxi.

Rapidamente eu me dei conta de que Mangalsain Bhalla e esposa, o casal, tinham muito mais sentido de direção que eu. Quando o taxista virou à esquerda num cruzamento, Bhalla levantou a voz e perguntou ao motorista porque ele estava fazendo o caminho mais longo. Surpreso, eu perguntei a Bhalla como ele podia ter feito aquilo. Ele respondeu que tinha cronometrado a rota da estação até a sua casa e memorizado cada giro e cada volta, assim que ele sabia que o taxista estava jogando com eles. Quanto mais eu conversava, mais meu respeito pelo casal crescia por como eles tinham se adaptado àquela deficiência. Foi aí que eu pedi aos dois que me permitissem passar uns dias com eles para tentar fazer uma crônica sobre suas memoráveis vidas.

Na redação, meu editor, Aroon Purie, concordou em permitir meu trabalho sobre um tema tão abstrato. Raghu Rai, o fotógrafo mais renomado no meio jornalístico, interessou-se instantaneamente pelo tema e juntos publicamos uma emocionante reportagem que nos trouxe um imenso feedback dos leitores. Tínhamos mencionado que Bhalla necessitava um termômetro em Braille para checar se os filhos tinham febre quando eles adoeciam e que tinha sido impossível encontrar um em toda Índia. Choveram ofertas de todas as partes do mundo a essa simples necessidade. O mais memorável de todos os dias com Bhalla, no entanto, foi quando eu perguntei se ele sabia o que era a luz. E ele respondeu: “Eu não sei o que é a escuridão!”.

Nada mais por hoje. Bom sábado!

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é se eu soubesse que iria ficar todos esses dias sem fazer nada teria dado um pulinho ai!! kkk dar um pulinho nao tem nada mais mineiro. mas e ai ja apredeu a descascar abacaxi?? A baliga ta melhor??Ta tao magro esse menino!!
Ahh e esquece o lance que eu tinha dito que vc nao entendeu, deixa pra la !!sabe o que fiz? paozinho com atum pra levar a praia kkk. Saudades socia parece que ja faz 3 meses que vc se foi, nao quero mais brincar disso ou vc vem logo ou passe essa merda rapido. Bjs

Anônimo disse...

Oi !!! linda como estas? me encantaron las fotos y me muero por comer ese coso raro de desayuno y sobre todo me muero por verte y estar jundos de nuevo.
este es nuetro tercer domingo desde que te fuiste y como siempre se me hace interminable sin ti.
bueno amor como siempre te digo, Te amo muito y te extraño un monto...