domingo, 23 de setembro de 2007

Sábado à noite


Algumas imagens caseiras para matar a saudade...




Acabo de chegar em casa depois de um dia cansativo de andanças pelo mercado de Janpath, onde uma mulher fica doida com as roupas, bijus e badulaques indianos que a gente compra caro em euro ou real e aqui é baratíssimo. Fiquei pensando nas minhas amigas e na minha mãe... Tinha vontade de comprar tudo e de estar ali passeando com elas também. Isso não significa, porém, que não me diverti com minha nova companheiro de passeio por Delhi: a brasileira Ivana. Rodamos aquela rua toda e comprei minhas primeiras besteirinhas pra levar. No início é legal pechinchar com os vendedores, mas na metade do caminho a gente já está exausta de ter que “lutar” para pagar um preço minimamente justo. Turista tem mesmo é que se lascar! Aqui estão algumas fotos das minhas novas aquisições, tudo por menos de 20 euros!

Como nem tudo são flores nesta “cidade intensa”, como bem definiu Ivana, o sábado à noite vem arrebentando (ou arrebatando). Tinha saído de casa esta manhã com a seguinte missão: não voltar pra casa sem uma garrafa de vinho. Mas falhei! E aqui estou escrevendo sem molhar o bico e nostálgica... Pensando na vida, nas escolhas, no almoço japonês na casa do meu cunhado onde Rodrigo está agora, na estréia da Baby, na minha mãe e Vítor em LA, no Mateus, no meu pai e Pedro não sei onde... Na verdade, queria estar exatamente aqui, mas ainda falta algo, falta uma tranqüilidade que ainda não alcancei. Além de intenso, tudo aqui é difícil: comprar um pão não é fácil, circular pela cidade requer uma paciência tibetana, encontrar Internet é sorte, fugir do curry só nos fast food da vida... tudo isso numa cidade que simplesmente não está feita para uma mulher “sozinha”. Os homens te olham como se você fosse a última Coca-Cola no deserto e tudo isso faz com os que os dias sejam muito cansativos.

Depois de um super banho, resolvi estudar e escrever um pouco. E um dos meus únicos interlocutores aqui (um aluno da faculdade chamado Moris) me liga pra me dizer o seguinte: “Helena, não saia de casa. Está rolando um conflito entre muçulmanos e hindus perto da sua casa, há mortos, feridos e muitos policiais nas ruas. Não saia de jeito nenhum”. Ainda não saiu na TV o motivo do conflito, mas motivos são desnecessários para os fanáticos. Não ia sair mesmo, mas fiquei pensando: eu sou lá de São João Nepomuceno, que nem existe no mapa, o que eu tô fazendo aqui?

Não quero parecer pessimista ou dar uma visão negativa de Delhi, mas a realidade é dura e só dá pra entender vivendo o dia-a-dia deles aqui. O Oriente não é o Orientalismo, já nos ensinou Edward Said. A visão que nós, ocidentais, temos do Oriente não corresponde à realidade, é uma imagem ou um discurso criado (principalmente pelos europeus) para dominar, reestruturar e ter autoridade sobre o Oriente. Portanto, não estou reclamando, apenas conto o que vejo e como me sinto. Se alguém perguntar minha opinião sobre Delhi no dia de hoje, a resposta será: estressante e vibrante. No final da minha experiência, me façam essa pergunta de novo, por favor.

Uma hora e meia depois. Voltei agora de uma “confraternização” com meus companheiros de apartamento. E, surpreendentemente, dois indianos de mais de 50 anos e uma brasileira de 30, que nunca tinham se visto antes, morreram de rir juntos assistindo a um jogo de cricket! Eles riam das minhas perguntas idiotas e eu ria porque, mesmo com toda a explicação, assisti por mais de uma hora e continuo não entendendo bulhufas!!!! Só sei que é febre nacional herdada dos ingleses, como nosso futebol, e os jogadores são celebridades que se casam com modelos e ganham rios de dinheiro... O jogo é Índia x Austrália e os indianos estão todos em frente à TV sofrendo como os brasileiros em jogo contra a Argentina.

Um sábado a menos. É só não pensar muito no lado de lá.

3 comentários:

Anônimo disse...

nena
preciso falar com vc, te achei muito magra e abatida, dá um jeito de nos falarmos amanha . To com meu celular do Rio.
Escrevi pra vc e nao tive resposta, só to conseguindo me comunicar por aqui.
São 10 da noite aqui, amanha cedo entra no MSN, e eu tb vou tentar te ligar de novo.
Hoje paguei um super mico aqui.....
Votor te conta.
Pensa sempre que as coisas por aqui tb não são fáceis ...
te amo muito, mas eu quero que fique bem, ok ?
Bj, bj, bj,

Letícia Lira (lelira) disse...

Ô querida, me preocupa esse seu tom... parece desanimada. Imagino que seja bem difícil se adaptar, mas só de saber que não é para sempre, vc tem que se animar e evitar a nostalgia (e fique longe de conflitos étnicos / religiosos!).
Lá em Sampa foi o máximo. Conheci quem provavelmente será meu futuro chefe / futura equipe; só gente do bem. Aprendi demais, revi amigos, consegui ir a um show de indie rock após 6 longos meses... Qdo vim para BH, só queria melhorar minha qualidade de vida, sim, melhorei, mas nunca pensei que a distância das novidades tecnológicas e musicais mundiais faria tanta falta. A ralação aqui é tão intensa qto no Rio, a vantagem é que aqui eu tenho autonomia e vejo os frutos do meu trabalho, algo que me preparará para a minha provável próxima jornada, SP (sim!!!). Muitas saudades! Bjs!

Anônimo disse...

Eu e a Bral estavamos vendo as suas fotos. São todas muito legais. Seu sobrinho é uma gracinha, vc vai ver como é bom ser tia. Traga alguma coisa de recordação da India para nós rs. Beijos.